domingo, 28 de outubro de 2007

Saiu a primeira crítica.


foto: Bruno gomes

Trechos da Crítica de Antônio Hohlfeldt
Jornal do Comercio em 26/10/2007



Um chão fundamental mas incompleto


"Outro espetáculo baseado na cultura afro-brasileira estreou nos últimos dias na cidade, evidenciando certa dinâmica que esse movimento adquire em Porto Alegre. Agora, trata-se de Chão, idealização de Robson Duarte, com direção de Jessé de Oliveira..."

"O título do espetáculo é bastante polissêmico: o chão referido tem a ver com os rituais de iniciação, do mesmo modo que está ligado às raízes. Neste caso, também a idéia de raízes se desdobra: ora pode referir às origens antigas dos rituais e da etnia afro-brasileira, ora para falar do lugar ocupado por esta cultura. Por fim, o chão se refere ainda à linha adotada pela coreografia: toda a movimentação do intérprete ocorre no chão. Não há, praticamente, movimentos aéreos. Robson Duarte, que tem excelente domínio do corpo, além de uma bela voz, movimenta-se intimamente vinculado ao chão do palco todos aqueles outros "chãos" referidos, além dos próprios objetos alocados em cena."

O resultado é um espetáculo de cerca de 45 minutos, que tem muitas qualidades, mas também tem alguns problemas. É qualidade, por exemplo, a cuidadosa iluminação do próprio diretor, que cria climas e permite as passagens dos diferentes momentos que marcam o espetáculo. É qualidade, por exemplo, a variada trilha sonora, que chega ao final num ritmo forte, que empolga toda a platéia. Mas são problemáticas algumas soluções cênicas adotadas pela direção, que faz com que o espetáculo praticamente pare, deixando a platéia à espera, porque aquilo que o ator está realizando se tornou invisível para o público. Exemplo disso é o momento em que Duarte acende as velas do oratório..."

"Chão é um trabalho bonito, com bom ritmo, pleno de vida, que encanta pelos sentidos e que envolve pelo modo como se apresenta. No momento em que se corrigirem alguns detalhes, certamente ganhará em densidade e unidade, afirmando-se mais ainda enquanto criação. Disso, Jessé de Oliveira e toda a equipe são capazes."

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